Blog do Taine- Mártir contra a Violência e a Tortura: Resistência é Páscoa

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Resistência é Páscoa

150 dias sem Taine. http://www.blogdeanaclaudia.zip.net/
Se a injustiça não te leva a virar o rosto em gesto espontâneo de indignação. E se a morte imposta por irresponsáveis mãos, não te faz repensar a vida e o seu sentido tisnado pela impunidade de cada dia.
Não terá sentido celebrar a Páscoa, irmão!
Você pode degustar vinhos e chocolates, satisfazendo instintos primários em consonância com as vozes do mercado...contudo, nada entende de celebração pascal.
Para além das religiões, a religiosidade me fala de um tempo de reflexão, renovação das forças gastas, na contemplação da transcendência da fé, eivada pelo sacrifício e pela injustiça.
Vejo a Páscoa das mães inconsoláveis, a recordar os sorrisos que lhes foram arrancados violentamente, e as contemplo enroscada aos pés da cruz, a cruz da vida sem justiça!
Celebro a Páscoa dos deserdados, totalmente amarga e carente de mensagens! Sem pão, sem vinho, com desamor em desalinho! Páscoa triste, encabulada, omitida pela televisão.
Reparto o prato sem sabor da Páscoa prostituída dos violentados pelo sistema de cada dia, a engolir cada vida, nas fragilidades do corpo sucumbindo ao crack enquanto a alma migra para a irrealidade dos mundos que não conheço. Mundos abandonados, maculados, criminalizados, Páscoa dolorosa de quem não tem esperança, nem forças, nem sonhos.
As Páscoas tristes e omitidas eu as celebro por opção!
Opção irmã, humana, para além de qualquer tradição!
A fome que o mundo não mata também consome minhas entranhas. Sou desterrada nesta terra de dor, injustiça institucionalizada e abandono da cidadania. Não quero a ilusão!
Meu jejum passa pela negação da dança comum, embriaguez dos sentidos, cânticos alienantes nas massificadas celebrações.
Celebro o silêncio das mães alagoanas, e engrosso a cachoeira de suas lágrimas respeitando suas crucificações a cada despertar, para mais um dia de alianças quebradas e delitos impunes, sob as barbas da lei; na conivência da sociedade e inoperância da justiça.
Essa Páscoa se chama resistência.

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