Blog do Taine- Mártir contra a Violência e a Tortura: O julgamento de Alagoas

sábado, 2 de abril de 2011

O julgamento de Alagoas

Eu era Alagoas olhando a face desumana do algoz.
O algoz era Alagoas, usando a margem da legalidade e a orquestração das castas
Para acusar a vítima.
O algoz era policial civil, liberado para mentir e continuar sendo autoridade.
Eu era a denunciante, aprendendo sobre como as leis não protegem nem defendem nada
Quando o coro dos contentes sente-se ameaçado.
A frieza no olhar do policial refletia a vilania social da minha terra! Terra de balas disparadas sem receio, de ameaças descaradas porque a impunidade sempre vence aqui, seja negociada, imposta ou prescrita!
Vivi um parto ao inverso ali, senti a dor de meu filho naquelas mãos cruéis, sob o império de uma consciência legalmente vilã.
Senti seu corpo tremendo, seus doze anos de idade tombando sob o peso daquele jugo, daquela loucura vestida de instituição de defesa.
Todo o aparato da justiça contemplava o fim do ato!
Os benefícios concedidos pela lei, o não-registro a limpar seus caminhos para um futuro de violações, o pagamento banal de um salário mínimo como medida disciplinadora: meu parto doía mais, paguei 100,00 reais por cada ida de meu filho ao consultório de psicologia, paguei por sua ida ao psiquiatra, ao homeopata, por todos os remédios que precisou tomar...incalculável o valor pago em lágrimas...mas o lado alagoano vinculado ao poder só precisou pagar um salário mínimo para se livrar da acusação.
Alagoas vencia. Alagoas perdia.
Essa mãe incômoda, forjada nas lutas e nos bancos da Universidade Federal de Alagoas, precisa parar de perturbar a ordem, mas o azar maior será seu ou do Estado?
Será maior a tristeza da mulher que conjugou em sua história a dupla representação de mãe e de socióloga, a viver e compreender todos os processos da triste história de seu filho, enfrentando a truculência e até a acusação de tráfico em sua família?
Será maior o azar de Estado viciado em ocultar crimes ao se deparar com essa mãe ferida desde a primeira lágrima de seu filho, a denunciar as mazelas, prevaricações e assassínios institucionais pedindo ao mundo que olhe para esse rincão largado ao deus-dará?
A morte não me assusta mais que a vida nesse estado brasileiro penalizador de vítimas.

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