Blog do Taine- Mártir contra a Violência e a Tortura: O desgaste da justiça

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O desgaste da justiça

<b>Ana Cláudia Laurindo</b>
E se a gente pudesse começar tudo de novo, e fazer uma história sem torturas e arbitrariedades, o que poderia estar escrito nestas linhas tênues da memória?
Talvez a felicidade do menino pudesse ser estampada como um troféu de glórias!
Não estas glórias do consumo, da competitividade e da força, mas aquela glória divina da vida bem vivida, entre as ondas do mar azul e o céu de eterno verão que esquenta Alagoas.
Aquele menino poderia ter sido um jovem sonhador, colecionador de chaves na infância poderia ter colecionado amores e aberto tantas portas!
Parafraseando Belchior, digo que a ‘a força fez o mal que a força sempre faz’ e o destino do menino despetalou da haste tenra...
De fato: o envolvimento de dois guardas municipais e quatro policiais civis numa sequência de requintes, resultou na tortura. Ainda que a lei e a interpretação dela possa ter eximido da culpa os agentes arbitrários, não houve lei que pudesse aplicar a redução ou transição da dor que meu filho portou pelo resto da vida!
Dois guardas que iniciaram as agressões, um agente da policia civil que recebeu com um safanão e tapa na nuca, dois agentes que portaram a criança no camburão a revelia da família e um delegado que permitiu tudo isso acontecesse e justificou em público as violações, sendo ele próprio excluído dos autos, assim como aquele que deu um “mero safanão e tapa na nuca” do menino.
Ontem, em audiência, ouvi um dos policiais dizer que “esse caso já estava desgastado”.
Caso desgastado? Ou crime banalizado? Ou hábito de oprimir, arraigado? Ou licenciosidade culturalizada? Desgastada está a cidadania em Alagoas! Desgastada está minha família entre tantas outras! Desgastadas estão as instituições alagoanas, que não tiveram ainda força suficiente para combater os maus representantes do estado, e minimizam seus maus feitos!
Contudo, a luta segue. Não desgastando a paciência de quem lê mas despertando cada vez mais consciências e conferindo ao martírio de Alexystaine o respeito que lhe é devido, o mínimo que Alagoas lhe pode oferecer agora.
Que as crianças e adolescentes de Alagoas sejam melhor observadas, que os conselheiros tutelares sejam mais preparados para registrar as ocorrências sem beneficiar o poder, quando este for o algoz. Assim como demonstram tanta força para punir as mães pobres que saem de casa para trabalhar e deixam os filhos sozinhos saibam também registrar as arbitrariedades policiais.
Que essa história escrita em sofrimento e resistência, consiga beneficiar outros meninos e meninas, permitindo ao menos que sonhem um futuro feliz!  

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